quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um anjo e duas mortes

Incendio 6/6/06, rua 13. 1 alma boa, outra ruim:

Nuances da luz branca
só se ve vermelho
não vermelho pimenta
vermelho groselha
Groselha com pinga?
bombeirinho!
Não,
groselha com pinga é groselha com pinga
bombeirinho é groselha
com pinga
com limão
Não, Bombeirinho, um bombeiro baixinho.
aonde?
do outro lado da lua.
lua?
não, rua. é que tá tudo branco
não, tá tudo vermelho.

Pequeno diálogo de um amor sem nexo

Era a mesma mulher da minha vida de sempre. Descalça, descabelada. Ameacei palavrear.
- Eu amo seus passos, digo, amo a maneira que você os dá.
- Existe uma barreira gigante que separa o fato de eu amar você e o fato de ficarmos juntos, ela disse sorrindo.

domingo, 13 de junho de 2010

12 de junho - 2010

Repara no silêncio
Arranca-me brutalmente do chão
Contempla-me nas faces
Encaixa-te perfeitamente
no meu corpo
com teu corpo
tão meu
Rouba-me o ar
e o devolve com a boca
Essa tua boca cremosa dentro
da minha,
que se dissolve em suspiros e palavras- e
deliciosas antideclarações tuas.
Vai-te, amor
Que é cedo
e o inferno hoje está convidativo demais
Vai!
Dorme comigo esta noite
que amanhã
tem café-da-manhã
na cama.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

19 de Março

O tempo agora, é irrelevante
O errado e o certo
Sempre tão separados
Sempre tão grudados
Relativo

A entrega foi precoce
o enlace veio depois...
...com seu silencio
É como dizem:

Amargo no começo
Doce no fim
No começo deste fim
sem fim
e enfim,

Ainda sinto o cheiro quase que sólido da inconsequência
E inconscientemente...
É (,) amor
é amor.

As teorias antes privadas
Agora escancaradas
E Virou o que fingia ser
O que sempre soube que seria

Sem teto
Sem parede
Sem chão
Então vem amor, vem fazer amor sem chão comigo.



Milhões de beijos com gosto de fruta,
Sua pequena branquinha.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Teoria do caos - Benjamin Button

Às vezes, nós estamos numa rota de colisão e nem sequer sabemos. Seja sem querer ou de propósito, não há nada que possamos fazer.

Uma mulher em Paris estava indo fazer compras, mas tinha esquecido o casaco e voltou para pegá-lo. Quando ela voltou, o telefone tocou. Ela parou para atender e falou por alguns minutos. enquanto ela falava, Dayse estava ensaiando para um espetáculo no teatro da Ópera de Paris. Enquanto ela ensaiava, a mulher, que havia desligado tinha saído para chamar um taxi.

Um passageiro tinha saltado e o motorista parou para tomar um café. Enquanto isso, Dayse ainda estava ensaiando. E o motorista, que havia deixado o passageiro e parado para um café, pegou a moça que tinha perdido o taxi anterior.

O taxi parou para um homem atravessar a rua. Ele tinha saído cinco minutos mais tarde que de costume pois não pôs o despertador . Enquanto o homem, atrasado, atravessava a rua, Dayse tinha acabado de ensaiar e estava tomando uma ducha. E enquanto Dayse tomava a ducha, o taxi esperava a mulher pegar na loja um pacote que não estava embrulhado porque a moça encarregada havia brigado com o namorado na noite anterior e havia esquecido.

Quando a mulher, com o pacote embrulhado, voltou para o taxi, um caminhão o havia bloqueado. Enquanto isso, Dayse estava se vestindo. O caminhão foi embora e o taxi pôde andar enquanto Dayse, a ultima a se vestir, esperava uma amiga que tinha arrebentado o cadarço. Enquanto o taxi esperava o sinal abrir, Dayse e sua amiga saíram pelos fundos do teatro.

E se só por uma coisa tivesse acontecido de forma diferente: o cadarço não tivesse arrebentado ou o caminhão tivesse saído um pouco antes ou o pacote já estivesse pronto pois a garota não tinha brigado com o namorado ou o homem tivesse levantado cinco minutos mais cedo ou o taxista não tivesse parado para tomar café ou a mulher tivesse lembrado do casaco e tomado um taxi anterior, Dayse e a amiga teriam atravessado a rua e o taxi teria passado por elas.

Mas, sendo a vida uma série de vidas cruzadas e incidentes fora do controle de qualquer um, aquele taxi não passou reto e o motorista teve uma distração momentânea fazendo com que o taxi atropelasse Dayse e esmagasse sua perna.

domingo, 2 de maio de 2010

Camaleão

O retrovisor do carro os mostrava
Eles estavam lacrimejando
Não pelos motivos corretos de lacrimejar
Mas foi quando pude perceber
Que você vai adorar meus olhos
E vai gostar mais ainda da cor deles quando os vir chorar.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Mar ia

O mar ia
a maré alta
a mente perigosa
o mar ia
leve mar até a ilha

terça-feira, 13 de abril de 2010

A bela vingança

Não pense que essas lágrimas são de remorso
E que as ‘palavras trêmulas’ são de perdão.
Eu disse que voltaria e te queimaria porque não tenho coração
Você duvidou, disse que era mentira, porque eu sempre minto bem.
Agora eu não me importo de comer o seu coração também.

Autor oculto.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Fernando

Viril e vulnerável
galanteia, depois desmente
depois mente
Ainda me toma ao tálamo
despe e inacaba
me inspira teorias
me priva de todas elas
e finge ser o que não é

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pronome pessoal do caso reto.

Antes havia o 'nós', 'tu', 'ele'
Joguei 'eles' fora
Sobrou 'eu'
'tu' não é mais
'ele' é 'tu'
'tu' é a minha primeira pessoa do singular do caso reto.
'eu', sou a segunda.

Constância de nada

Constantemente focada na inconstantibilidade dos meus problemas
Foi que me apareceu um outro problema
esse problema era constante
e me deixou inconstante, com meus problemas agora constantes.

Romã e Omar

Romã amava outro
Omar amava outra
Omar fugia de Romã
Romã despresava Omar
Tanto, que descobriu que
Omar era o amor
E que amava o amor
que amava amar Romã.

Praticando intertextualidade

Que dias há que na alma me tem posto
Um sei que, que nasce sei onde
vem sei como, e dói, dói...
Mas eu não sei porquê.

Amor e paixão.

Talvez seja isso
ou coisa próxima disso
ou nada disso
Mas se isso for,
e eu espero que não seja
seria outra coisa,
Aí você troca o verbo ser
pelo verbo estar.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O puma azul.

Eramos nós.
Eu
Ele
E o maldito puma azul.
Era inverno.
O resto eu não conto.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Silêncio

O relógio marca duas horas da madrugada. O silencio parece dizer mais do que as palavras. Pense só: nós dois sentados, um em cada ponta da cama, calados completamente. Então, subitamente, um de nós olha pelo canto. Os dois ao mesmo tempo. Desvio de olhar. Isto não é nem um pouco desconfortável. Estamos perfeitamente intactos, fora o fato do corpo trêmulo; os lábios ressecados, os olhos brilhando e as bochechas rosadas. Dois malucos para se entregarem. Os corpos atraindo-se como dois imãs de pólos opostos; Os lábios impotentes, secos desejam beijar; Os olhos implorando que o azul do dele misturem com o meu, esverdeado. A pele a espera do toque sutil. Por fora, a harmonia pesa. Por dentro, milhões de guerras estouram. O sangue quente pulsando direto para o coração. Ele escuta o arfar... Pega na minha mão, chega perto. Parece que estávamos a milhas distantes um do outro; Mistura de perfumes, o meu e o dele se entrelaçam no ar. A imagem fica tão linda que vira fotografia na minha mente. Cada vez mais difícil de respirar, de viver. Suspiros. Ele chega bem mais perto; Ele quer dizer alguma coisa, mas não diz nada. As cabeças e os pés se roçam. Eu sinceramente não sei se ele pode escutar o turbilhão em mim, não sei se eu quero que ele escute. Creio que agora ele não pode ouvir. Eu também não... Perdi a audição. O olfato sensibiliza. Ou não teria outra explicação para o cheiro dele, que me invade. Impregnou em mim. Ele impregna em mim. Eu me pergunto se eu causo o mesmo efeito nele. Ele desliza sua cabeça na direção do meu rosto. Ficamos frente a frente. Devo estar corada. Negado. Ele afasta a cabeça, deixando apenas vestígios do seu cheiro. Eu o quero mais do que deveria. Ataco gentilmente seu pescoço. Um riso – que mais parece um sussurro. O cheiro de novo. Ele me permite. Os olhos se encontram. As pupilas dilatadas. As pálpebras fecham, devagar, até acobertarem completamente o olhar. Os lábios encostam. Êxtase total. Somos duas estátuas. Ficaria assim para sempre. É quase real. QUASE. Tento dormir, mas o leito já não é suficiente para quem estava literalmente nas nuvens. Aquela cena me atormenta. Um suspiro. Boa noite, tenha bons sonhos. “Você me capta”, é só o que eu consigo dizer em voz alta. Silêncio. E eu volto a dormir.

Falecimento do dia

Era um quarto. Paredes descascadas, móveis de madeira escura, pia de mármore. Era pequeno, mal cheiroso e úmido. Mas era um quarto. Era lá que ele morava. A cama era coberta por um lençol velho, jamais trocado. A mesinha de centro era redonda, e mais dois banquinhos. Ele não precisaria de mais que dois banquinhos. Aquele pequeno quarto, transformava-se em um antro pecaminoso ao cair da escuridão da noite.
Todas as noites de várzea eram iguais. Cada dia uma puta diferente, de um mesmo tipo. Altas, mulatas, lábios carnudos, corpo carnudo... Mas hoje era diferente, era lua cheia, e o homem gostaria de sentir uma pele branca novamente. Depois de tantos anos.
A moça tinha mais de vinte anos a menos que ele. Mas o desejava como todas as outras o desejavam. Era um homem alto, forte, cabelos lisos e grisalhos. E pagava muito bem. Mas tinha que ser sempre naquele mesmo quarto.
Chegou a moça, meio recatada, mas sabia o que aconteceria. Todas já haviam contado.
Ele ficou paralisado diante daquele anjo. Era linda. A lua estava bem à sua janela, a sua luz refletia naquela pele branca. Seus cabelos eram negros, desciam até os quadris. Não conseguia ver os seus olhos.
Por um minuto, chegou a imaginar que aquela seria sua primeira vez. Mas não era, ela era uma puta como todas as outras putas.
Era um anjo... Ou o demônio vestido de anjo.
Enquanto ela tirava o vestido, ele sentou-se à mesa e bebericou seu vinho barato. Ela deitou-se à cama, e encolheu-se como um feto. Parecia que ia chorar, mas era indecifrável.
Cambaleou para a cama, aos pés dela. Beijou seu corpo inteiro. A medida que ia subindo, acariciava seus macios fios de cabelo. Sentia a penugem clara de suas coxas com a outra mão. Até que as separou. Colocou a mão em seus quadris e a levou junto dele. Prendeu-se em suas pernas. E depois encaixou-se. Ele não desvirtuava as virgens, mas aquela, definitivamente era uma virgem. Sentiu seu sangue quente em suas pernas, que também manchava o lençol. Antes, o que eram os suspiros, agora eram suaves gemidos. De dor, misturados com prazer.
O homem sentiu um aperto no peito. O peso daquele homem enorme estava todo na moça que virara mulher. Ela sentiu aquele homem morto dentro dela e sentiu repugno. O empurrou para fora de seu corpo, e sibilou raivosa:
- Deu-te a vida a velar um passado também?
Assim como ele tirara sua adolescência, ela lhe tirou a velhice. Dando-lhe a morte em troca.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Decidir. Maldita palavra imposta nas malditas regras sociais. "Você tem que decidir se vai fazer odontologia, psicologia ou artes Scênicas". Quer saber? eu cuspo na cara das regras sociais. Elas só atrapalham a minha vida. Mas tudo bem. Ouço calmamente e pacientemente as pressões dos outros. "Por que com a sua idade eu já fazia isso, e aquilo". Foda-se. A palavra da libertação. Na minha cabeça, eu Lançaria um bom FODA-SE na cara dessas pessoas. E, de novo as regras sociais não permitem, e blábláblá. Mas o problema é que eu to perdendo minha paciência. To quase pegando aquele ônibus para a Argentina e sumindo daqui. Lá eu decido o que eu vou fazer. Além de não entrar no mundo ocioso, que é o que está acontecendo, eu cresceria mil vezes mais. Não sei por que, mas eu penso assim. Infelizmente, todos nós: os condenados à morte somos também, condenados a seguir com a vida. E mesmo que eu esteja fazendo algo que eu acredito, um dia eu vou querer sentir as regras sociais. Todos vamos. O reloginho biológico uma hora vai tocar e aí, você já está tão envolvida naquela outra vida que não consegue sair. Enfim, isso é uma boa coisa para se pensar. Ou não. VOCÊ DE-CI-DE. Eu continuo escrevendo minhas teorias de bar, e você, caro condenado à morte, pode ler, entre fazer uma promessinha ou fumar. Por que não senta a bunda na cadeira e leia um pouco. Faz bem concordar ou descordar, só não vire um robozinho.

até a próxima, condenados.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Uma vida, que não a minha.

Qual é o objetivo de ser anônima? Você vive uma vida que não é a sua. Você fantasia coisas. Claro que você não necessariamente fantasia coisas, mas precisa encrementar um pouquinho para encobrir as pistas e não dar na cara quem você é de fato. Eu postei uma vez o motivo de ser anonima, e como isso pode ser gratificante. Mas eu mudei de idéia, é ruim ter de 'encobrir as pistas'. Agora eu não preciso mais! Prometo não esconder nada. E vou falar de tudo que eu gosto. Amém.